Crônica
Relato de uma outra noite em vã
No pensamento certeza de ser a chance. Teve, deteve. Apequenou e deixou escapar. O velho problema dos inseguros. Gabar por algo imaginável e sentir-se confiante, mas na hora da definição deixou seus pensamentos negativos lhe sucumbirem. A eterna sensação de se inferiorizar. Não merecedor das suas próprias circunstâncias. Não conseguiu se aproximar mais uma vez. Viu-se fraco, demonstrou ser fraco. Um belo covarde. Dói porque sentia no olhar dela. Viu isso naquele brilho, ela esperava algo, alguma pergunta, alguma aproximação, alguma atenção. Ela esperou. Ele hesitou e agora, espera por si. A única que não espera é a dor. Ele mesmo acabou com sua noite, sabe disso e tratou de enterrá-la. Entregue a embriaguez, concluiu em amargura que talvez nesses dois anos de BH foi tempo jogado fora. Sente que aprendeu ser infeliz. Há um bom tempo anda sem perspectivas. Na convulsão dos seus pensamentos, diz: “Que inferno! Ainda me sobra amanhã aquela tristeza do domingo”. A tristeza de Domingo! Sempre achou o dia dominical nebuloso e agonizante. O bendito dia que a ressaca ataca. Fatídico dia transitório, a tênue passagem para segunda-feira. Dia que voltamos para a realidade e os problemas voltam à tona. O último suspiro do fim de semana e o ressurgimento do cotidiano. Escorado com o cotovelo direito na mesa, tenta sustentar o peso da própria carcaça ou seria de suas culpas? O copo testemunha inerte. Com o dedo em riste procura indagar a Deus até quando sua vida será assim. Um breve sopro de razão o toca. Ponderou: “como sou ridículo. Tenho que parar de ser ridículo. É cansaço, simplesmente, cansaço”.
Obs: A figura acima é um desenho de Franz Kafka.
Obs: A figura acima é um desenho de Franz Kafka.
Um comentário:
Nu Biel..gostei demais.demais mesmo. Parabens!!
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