sexta-feira, 18 de maio de 2007

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Dias de reticências...
Por não estar havendo dias melhores. Escrevi esse “joguinho” de palavras.

Caia realidade, caia o real. Caia gota, cada gota. Gota por gota. Daí enche o copo, transborda. Não vai fazer diferença se o tijolo cair em pé ou deitado. A realidade bate à cara. O chão duro do real. Bate à cara. A face arde, queima. A realidade vem assim, jogada. Na cara. Dor latente da incapacidade que envergonha. Acerba vida real. O tangível é o que assusta. Caia na real. Um despertar, como abrir os olhos e descobrir o que estava na palma da mão jamais esteve. Era apenas um sentimento de confiança. Antes, destreza em encarar a vida, sentir os pés no chão. Respirar e estar vivo. Mas o tapete foi puxado. Caia realidade. O duro impacto do real. Desperta um vazio, um vácuo, um nada. Encostos, bases e alicerces. É sentir sua estrutura ruir. Corroer, esfarelar, desmanchar. Sobra ausência. Cruel realidade. Tênue aos anseios, sonhos e metas. Talvez seja por isso. Seja por isso que as pessoas são tão simplistas. É porque a realidade oferece duas alternativas: sim ou não, é ou não é, pra lá ou pra cá, verdade ou mentira, isso ou aquilo, em cima ou em baixo, direita ou esquerda, pra frente ou pra trás! Dilemas. Dicotômicos, soluções indesejáveis, escolhas desgastantes, decisões irreversíveis. A vida em constante trade-off. Não adianta indagar onde foi o erro. Ele é resultado de todo um processo. Vários acontecimentos, ganhos e perdas. Oportunidades desperdiçadas. Desde a criação à libertação. Crescer, não precisar mais dar à mão para caminhar. Antes, foi para aprender, hoje vive à procurá-la. O real aplica a rasteira. Cadê a mão para te levantar agora?

O momento parece oportuno para invocar um belo fragmento de Vinicius aqui.

“Resta essa imobilidade, essa economia de gestos / Essa inércia cada vez maior diante do Infinito / Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível / Essa irredutível recusa à poesia não vivida (...) / Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo / Infantil de ter pequenas coragens”.
Vinicius de Moraes

Um comentário:

Anônimo disse...

“Resta essa imobilidade, essa economia de gestos / Essa inércia cada vez maior diante do Infinito / Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível / Essa irredutível recusa à poesia não vivida (...) / Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo / Infantil de ter pequenas coragens”.
Vinicius de Moraes

Tatua isso na testa.