segunda-feira, 21 de abril de 2008

Efemérides dissonantes

Vamos lá! Algumas coisas ficaram oscilando na minha cabeça nos últimos dias, seguem-se breves considerações do que a mídia considerou relevante.

Na última semana o Copom aumentou o percentual de juros na calada da noite, na passada de quarta para quinta e, na sexta o SINE - orgão ligado ao governo - solta nota: emprego com carteira assinada bateu recorde entre os últimos três governos. Coincidências à parte, ou argumentações interessadas, e quiçá fabricadas, longe de mim considerar estranho essas coisas que acontecem de um dia para outro (oh ironia), mas falar que o emprego cresce, enquanto o consenso diz que juros altos entravam crescimento econômico... não que estejam errados, mas sabe-se lá... os economistas fazem ótimas previsões do passado... ou jogadinha do governo para desviar o foco. A vida é feita de dilemas... (Sorrateiros ou não, a elite agradece, pois ela investe em mercado financeiro. sem falar no investidor estrangeiro... É aquela coisa, nunca vi ninguém preocupado quando o William Bonner fala que a bolsa fechou em baixa ou alta, para nós povo, não temos grana para certos joguetes do capital) .

Por tragédias... como não esquecer de outro foco que o circo se vangloria: Meus Deus, estarrecidos estamos. Peplerxos na frente da TV assistindo a desintegração da instituição familiar brasileira... isso soou até bonito. Pais que matam seus filhos, que rumo nós tomamos? E antes quando se tratava de fanticídio, a China era olhada como os comunistas comedores de criancinha... A opinião pública abalada. Sim, temos uma Madeleine Brasileña: Isabella. Duas inocências perdidas, duas vidas interrompidas. A diferença que ao invés de esconderem o corpo, acharam sagaz jogá-lo pela janela. Claro né, num país caótico, onde pessoas sentem-se encarceradas em casa e onde a justiça tarda e falha, como seria fácil dizer: "Foi um desses favelados que entraram aqui roubaram e são tão maus que decidiram jogar uma criança pela janela!" Mas não colou. Pera lá! No Brasil a gente engole muita coisa - todo dia e descendo quadrado, mas essa é demais. Agora, dois pontos. Como tudo que sai na Globo vira moda, em menos de uma semana duas crianças foram lançadas pela janela (em Contagem, a outra não lembro). Entretanto, como as duas outras não moram em bairros nobres em São Paulo e nem Copacabana... o auê fica focalizado. Parece que existe um moralismo tendencioso no ar, o filho do pobre pode morrer né?! Mas a linda criancinha de classe alta não, não pode. É uma tragédia, quiçá um sacrilégio. Segundo ponto: têm duas semanas que todos os noticiários transmitem com dois links ao vivo no horário nobre, na porta da casa dos envolvidos, seriam as "últimas novidades sobre o caso". Essa fedentina forma de jornalismo chamado sensacionalismo. A notícia como espetáculo. O jornalismo tratado de forma económica: vender a exclusividade, o inédito. Lembro de ter assistido no Jornal Hoje uma repórter especulando sobre o caso e , quando à noite, no Jornal Nacional outro repórter com as mesmas especulações antecedentes com uma única informação diferente: que a cela do acusado mede 3 x 9 m. É um roer e corroer a tragédia, apossar do drama das pessoas, julgarem um apoio e usá-las extraindo até a última gota, conforme a sinfonia que a "opinião publica" rege. E, de Tragédias parece que a vida transcorrem por tragédias.

É polêmica... a Ministra Dilma Roussef crucificada pela oposição e caçada pela mídia. Logo ela que comparada com o Dirceu, não possui tanto peso assim para amedrontar os apartidários do PT. Pior que amedronta. Por que tanto medo oposição? Talvez porque ela seria a candidata a próxima Presidência? Se bem que na onda de eleger chefes de estado mulheres está em alta, pode temer oposição. Como diria um comediante na TV: o cartão corporativo não é errado, é você que não têm o cartão certo! O planalto central é assim, terra das arapucas. Como o brasileiro e a impressa tem memória curtíssima, parece que quem criou o cartão foi o governo Lula. Na realidade foi criado no governo FHC e naquela época ninguém ligava muito para esses gastos. quanto já foi gasto? com certeza com Whisky dava para construir muita casa popular... A cobrança da sociedade agora é muito positivo. Mostra que algumas coisas estão mudando, devagar, mas estão. Temos que fiscalizar sim.

De polêmicas e tragédias o "país do futuro" como diziam nos anos 80, vai... agora vai... só se for para o buraco. A epidemia de dengue no Rio de Janeiro somente comprova o quanto o estado fluminense é omisso. Aí o governo municipal e Federal aproveitam e pegam carona. Deixar questão de saúde pública sair do controle de tal proporção que a epidemia tomou: é pura omissão do Estado. Na primeira terça-feira desse mês, em um único dia, aproximadamente, 3000 casos diagnosticados. E o desrespeito ao cidadão? Pois, têm outro fator paralelo a crise: faltam médicos na rede pública hospitalar do Rio. Todo dia aparecia mães dormindo em filas com os filhos, pais insatisfeitos quebrando porta de hospital e muitos com suspeita da doença retornando para casa sem orientação medica. Entra ano sai ano e parece que a gente assiste a mesma reportagem do ano passado, retrasado e por aí vai. Um deja vú constante, cíclico. Jornais noticiando que a Aeronáutica abriria um hospital de campanha - como se fosse a salvação da calamidade. O que me deixou intrigado é que gastaram quase duas semanas para o hospital abrir. Enfim, o que apareceu de gente para consultar no primeiro dia foi acima dos leitos disponibilizados. Talvez os governantes não acreditassem na proporção da crise. Enquanto isso, os hospitais andam na mesma. Sabe, a Globo têm que parar de promover o Rio. Transparece que o país se resume a Copacabana e Leblon. Até quando essa imagem vai ser e ficar inoculada em nossas mentes? As coisas nunca mudam, guerra civil, omissão do Estado e uma policia corrupta no pardieiro denominado cidade maravilhosa!

E isso aí, como se diz: para baixo todo santo ajuda! Ainda mais, no país da esperança.



Nenhum comentário: