Grande presente [adiantado] de aniversário. ou Nem no meu aniversário as forças do mundo deixam de conspirar contra mim. Apenas um mero desabafo.

Dia 25 recebi uma ligação muito animadora. Um amigo me passou que haveria uma seleção para o CRISP de urgência. Um projeto rápido, mas teria uma boa remuneração: 300 conto. Na hora já me liguei, que beleza! A oportunidade que esperava, um grande núcleo de pesquisa. Marcado para o dia 27, véspera do meu aniversário, apostava na possibilidade de ganhar um belo presente: a vaga nesse estágio. O projeto disponibilizou 6 vagas, nós, ali naquele corredor éramos 7 almas apreensivas e ansiosas. Mas quis Deus que o menos um dessa seleção sobrou a mim. Parece o quanto mais preciso e corro atrás das coisas, elas me escapam. Não fui selecionado porque uma matéria que farei a noite, poderia me prejudicar ou prejudicar minha disponibilidade para o CRISP. Fico com uma ponta de alegria por ter tido a oportunidade, eles não tem nada haver com meus horários, mas... Fazer o quê? Tocar o barco. Culpa do horário maluco das matérias optativas que disponibilizaram nesse semestre. Sempre me pergunto, porque sou tão azarado na vida. É duro. Parece que tem hora que não falha. Se pensar bem, tenho uma linda família, ótimos amigos, mas quando tento fazer algo certo, benigno para mim com a maior lisura; tropeço. Não sei se é por causa do meu hábito fatalista em relação as coisas, muito disso provido das minhas decorrentes derrotas (Quando falo derrota , falo do amor, na faculdade, das escassas oportunidades que me escapam). Ou se ainda não perco por não ter aprendido a me levantar direito das minhas derrotas. Claro, é fácil dizer para mim: 'esquentam não, outras oportunidades viram'. Ou aquele discurso de auto-ajuda que lateja dentro de mim, me dizendo: 'calma, pensar positivo, nem tudo está perdido, ânimo, 'vamô lá', bola para frente e etc...'. Mas, viro e analiso e a corda que puxa para a fossa me desanima e contrapõe: 'Um aluno de 6º período, nunca arrumo estágio, não tem indicação de nenhum professor. Só cumpriu carga horária. Pô?! Tá tudo fudido. O que vou fazer?' E é isso: 'O que vou fazer?'. Cara, tem hora que sinto vergonha de mim. Um misto de desespero com ansiedade. Eu não sei o que fazer, sei lá tenho que lutar contra tanta coisa. Minha imaturidade, as portas que parecem sempre estarem fechadas nessa merda de universidade, esse cataclisma que é minha vida social (se ainda existe alguma), a falta de grana e o fardo da responsabilidade cada vez mais perto de ver que tenho que assumir certos compromissos dentro da minha família que as decorrentes derrotas só adiam. "I Lost!" Penso demais no meu futuro, queria ver as coisas acontecendo, mas não acontecem!? E claro, penso no passado, será que fiz a escolha errada. Ninguém e nem eu poderá dizer. Por quê isso acontece comigo? Parece que falta alguém para me direcionar, apoiar, me ensina, pois tento com meus instintos e o resultado: tropeços. Não que eu esteja fazendo tempestade em copo d'agua, mas a dispensa do CRISP é um dos muitos episódios desse melodrama que virou minha vida nos últimos anos. O que fiz de errado? Será que foi errado escolher estudar na federal? Será errado fazer um curso tão acadêmico respeitável? Querer entender a sociedade, a política, o mundo? Quais pecados teria isso? Parece tentador, mas a verdade que é frustrante. Sei que episódios como esse do CRISP, eu deveria potencializar para buscar algo, absorver algo e almejar algo (talvez sim, tiro um aprendizado aí, mas...), mas sinto-me sem forças. Sinto-me cansado e confuso, as coisas não acontecem isso machuca, sabe? É... é amanhã. Grande presente adiantado que recebi, era tudo que faltava. E o pior, foi a vergonha que dá de receber a notícia de que você está fora na frente de outras pessoas que você mal conheço. Como queima a face. Elas lhe olham com um olhar de pena, como se eu não tivesse capacidade de estar ali. Sinto-me enojado. Nem sei com que gosto a palavra aniversário terá na minha boca amanhã.